"Arquivamento é a justiça que prestigia a RTP"

Nova administração da estação, de Guilherme Costa, decidiu o processo de José Rodrigues dos Santos. <br />
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"Parece pouco, mas já não estávamos habituados a tanto." Foi assim que o pivot do Telejornal comentou ontem o arquivamento do processo disciplinar levantado contra si em 24 de Outubro pela Administração de Almerindo Marques e agora arquivado pela de Guilherme Costa.

Fonte ligada ao processo disse ao DN que até os instrutores nomeados pela Administração de Almerindo Marques concluíram que nenhuma das acusações, incluindo a de falta de assiduidade, tinha sustentação.

"O arquivamento do processo que a anterior Administração me moveu constitui um acto de justiça que prestigia a RTP", disse José Rodrigues dos Santos , adiantando que se limitou a "dizer a verdade até à última vírgula".

Almerindo Marques, que entretanto assumiu funções de presidente da Estradas de Portugal, instaurou um processo disciplinar ao jornalista depois de este ter afirmado, em entrevista à revista Pública (7 de Outubro), que a Administração da RTP tinha interferido em decisões editoriais quando o jornalista era director de Informação da RTP, concretamente na nomeação, em 2004, de Rosa Veloso para correspondente em Madrid. Almerindo Marques não gostou e reagiu dizendo que Rodrigues dos Santos tinha "falta de carácter", além de o acusar de não cumprir o horário laboral como os restantes funcionários, de ter tratamento "especial" e de sair para almoçar e ir ao dentista sem passar pelo controlo biométrico.

No entanto, no seu último dia na RTP, em entrevista ao programa Grande Entrevista, de Judite de Sousa, Almerindo Marques recuou. Disse que não era sua intenção despedir o pivot do Telejornal, apesar de considerar as suas declarações "graves". Ontem, o agora presidente da Estradas de Portugal reagiu dizendo que, "em circunstância idênticas, teria procedido da mesma forma".

Já Sebastião de Lima Rego, uma das testemunhas ouvidas neste processo - mas também relator do processo na Alta Autoridade para a Comunicação Social (AACS), em 2004, entretanto substituída pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) -, disse que as "irregularidades detectadas e criticadas" por aquele órgão "continuam de pé e continua a não ser feita justiça". Para a testemunha, "o processo era a ponta de um iceberg, que se mantém lá e o Titanic não parou de avançar na direcção errada..."

A Comissão de Trabalhadores (CT), por seu lado, congratula-se com a decisão do Conselho de Administração. No entanto, continua "a aguardar a resposta da entidade reguladora", pois a carta enviada à ERC "não se confina neste processo", afirmou ao DN Ângela Camila, membro da CT.

"A justiça não se agradece", diz José Rodrigues dos Santos . Ainda assim, aproveita para mencionar o seu advogado, "Dr. Fernando Carvalho, pelo incansável empenho e dedicação ao caso". Do mesmo modo, agradeceu ao actual Conselho de Administração, que, "não sendo influenciado por nenhuma das partes e apenas tendo acesso ao teor do processo, se limitou a fazer justiça". E ainda a um dos elementos do júri do processo de Madrid, "Dr. Luís Cara d'Anjo, que, por ter sempre mantido a integridade e a verticalidade, se viu colocado numa situação penosa que o levou a ter de abandonar a empresa em 2006".

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